sexta-feira, 20 de maio de 2011

Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável (Borderline)

Falando sobre Transtornos de Personalidade - definidos na Classificação Internacional de Doenças (CID)como “padrões de comportamento profundamente enraizados e duradouros, manifestando-se como respostas inflexíveis a ampla gama de situações pessoais e sociais, constituem-se em desvios extremos ou significativos da forma como um indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e particularmente, se relaciona com os outros. Tais padrões de comportamento tendem a ser estáveis, e compreendem múltiplas áreas do comportamento e do funcionamento psicológico. Associam-se frequentemente, mas nem sempre, a graus variados de sofrimento subjetivo e problemas no desempenho social”.
Dentre os Transtornos de Personalidade vale destacar o Transtorno de Personalidade Emocionalmete Instável, ou Borderline, tanto pelo número de pessoas acometidas como pelo grau de sofrimento que causa, para o próprio portador e para as pessoas que com ele convivem.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV), o transtorno se caracteriza por  "um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco ( ou mais) dos seguintes critérios:
  • esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginário;
  • padrão de relacionamentops interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização;
  • perturbação da identidade:instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento do self;
  • impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex: gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente);
  • recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante;
  • instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex:episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade, geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias);
  • sentimentos crônicos de vazio;
  • raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex: demonstrações frequentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes);
  • ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos.”
Lendo esses critérios, dá prá imaginar a confusão com que essas pessoas vivem seus relacionamentos: inicialmente se apaixonam, são capazes de qualquer coisa (qualquer coisa mesmo) para ficar com o ser amado, brigam, xingam, quebram coisas, agridem o outro ou a si mesmos caso se sintam abandonadas. Depois não querem ver o ex-ser amado nem pintado, pois “a fila já andou”. A falta de noção de si mesmo pode levar a indefinição sexual e profissional, com dificuldade de assumir papéis adultos e estabilizar a vida. O comportamento autodestrutivo, tanto nas tentativas de suicídio, como no consumo de drogas ou álcool, promiscuidade sexual, direção perigosa, comprar ou comer compulsivo levam a sucessivas perdas, inclusive da própria saúde física. Muitas pessoas apresentam patologias orgânicas decorrentes destes comportamentos e, em função desta instabilidade têm muita dificuldade em seguir o tratamento de forma adequada.
Estas descrições certamente lhe fizeram lembrar de personagens de jornais, revistas e TV, que você não conhece pessoalmente mas sabe de detalhes de suas agruras. Nossa sociedade “voyerista” consome vorazmente os escândalos que pessoas com esse Transtorno de Personalidade provocam. Mas se lembrou alguém que você conhece de perto e certamente o incomoda com seu “jeito estúpido de amar e exigir ser amada”, tenha compaixão. Além de causar sofrimento essas pessoas sofrem também.
O tratamento é complexo, pode demandar o trabalho de mais de um profissional, com várias  abordagens ( psicofarmacoterapia, psicoterapia, terapia ocupacional, terapia familiar, etc) mas é possível e pode trazer importante melhora na qualidade de vida das pessoas acometidas.

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